segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Semana 34 - Do Amor e da rotina e all in between…

love
via
‘Queres casar comigo?’ foi uma das perguntas a que já respondi uma vez e não me via a responder novamente que sim. Não é que o namorado não merecesse a resposta, mas estando nós tão bem e já a viver juntos achei que não fazia muito sentido. Mas na vida tudo muda, não é?
E como mudou a minha vida nos últimos 2 anos!? Há 24 meses ainda nem conhecia o meu marido e agora cá estou eu a escrever este texto com a minha filha nos braços, literalmente falando, porque hoje ela tem estado murchinha e tem sido dia de mimo. Estão a ver aqueles filmes em fast forward em que a ação acontece muito rapidamente e os frames vão passando uns atrás dos outros numa cadência acelerada? Pronto, aqui estão os últimos dois anos da minha vida!

Nunca me tinha acontecida tal coisa de me sentir a levitar de felicidade e a sentir a paixão em todos os poros e foi maravilhoso! Continua a ser maravilhoso, e embora agora a paixão esteja mais calma e a desgraçada da rotina leve a melhor na maioria dos dias e das noites, continua tudo a ser intensíssimo, o amor, as zangas, os beijos e não há nada que me acalme mais do que os abraços do meu marido e até durmo melhor de conchinha (e eu odiava dormir com alguém colado a mim!).
Sabem aquela ideia de casar, ir morar juntos, juntar dinheiro e ter filhos? Já tentei uma vez e não resultou… por isso é mito urbano que resulte com toda a gente e aliás, cada pessoa e cada casal tem a sua própria história e a nossa é esta-. Ainda fico com os batimentos acelerados sempre que penso naquele domingo, 24 de novembro de 2013 em que supostamente íamos tomar um café para nos conhecermos (o meu marido é primo do marido da minha irmã e eu vim viver para a Suíça sem conhecer ninguém e deu-se o acaso de vivermos a poucos quilómetros de distância e sempre ia apanhar ar e conhecer pessoas novas, que era o que mais precisava naquela altura da minha vida, em processo de separação). Fomos tomar café e falámos imenso de muitas coisas, das nossas vidas, de acontecimentos felizes e outros menos felizes, de música e eu sei lá.
Só sei que houve uma química que ainda hoje não consigo explicar e quando ele me deixou na vila onde eu morava, já não conseguia pensar em mais nada a não ser em vê-lo outra vez. E vi-o outra vez ainda nesse dia depois do jantar, no dia seguinte e todos os dias dessa semana até ir de ferias para Portugal. De vez em quando ele pergunta-me: ‘tiveste saudades minhas quando estive em Portugal?’ e eu, que tenho sempre resposta para tudo, mudo de assunto ou respondo qualquer coisa meio parva. A verdade é que não sei. Sei que queria que voltássemos a estar juntos. E estamos juntos todos os dias desde então e a viver na mesma casa desde dia 15 de dezembro de 2013. Já mudámos 2 vezes de casa e aí pelo meio decidimos ter filhos.
‘Queres ser mãe de um filho meu?’ eu sabia que a resposta era sim, sem sombra de dúvida, mas achei que era muito precipitado porque estávamos juntos há pouco mais de 6 meses! Depois de muito pensar, achei que afinal não é o tempo de relação que diz se duas pessoas estão preparadas para ser pais!

4 meses depois desta pergunta engravidei e sou uma pessoa muito mais feliz e uma mulher realizada com a chegada da nossa filhota que nasceu no fim de junho. Tem sido muito melhor do que eu estava à espera e felizmente tem corrido tudo bem com a nossa adaptação a ela e ela a nós e com o crescimento da pequena princesa que veio tornar ainda mais cheia a nossa vida e trouxe outro sentido completamente diferente àquilo que pensávamos ser a nossa família.
E como tem sido tudo em modo acelerado, desde o início do ano fomos falando em casamento, mas se estávamos tão bem assim, porque raio é que teríamos de assinar um papel? Só se fosse por causa da pequena, porque aqui na Suíça a união de facto não funciona como em Portugal e dá muito mais trabalho e é chato irmos registar o bebé e tratar dos assuntos relativos a ela sem sermos casados. Ora então a coisa passou-se mais ou menos assim:
Ele: ‘Olha, podias ligar para a conservatória para saber como é isso do casamento?’Eu: ‘Está bem, mas sabes que vamos de férias na semana que vem e tem de ser nessa altura, certo?’Ele: ‘Liga lá e depois logo se vê!’Eu liguei no fim de abril e ficaram de confirmar à minha mãe no dia seguinte se seria possível a celebração do casamento civil na semana a seguir. No dia seguinte falei com a minha irmã, que estava em Portugal, e perguntei-lhe se ela já sabia de alguma coisa. Resposta no whatsapp:
‘Já. A mãe já ligou para lá e o casamento é na próxima 3ª feira às 14.30 na conservatória. Traz um vestido bonito!’ E eu li a confirmação do meu próprio casamento numa mensagem de telemóvel! Foi um momento histórico e histérico! E por mais curioso que possa parecer, já tínhamos marcado uma sessão fotográfica pré-natal para esse dia, da parte da tarde e assim acabámos por ter uma sessão fotográfica gira, só nós os dois, no dia do nosso casamento. Fui uma noiva num um vestido de verão vermelho às bolinhas brancas e o noivo casou de calças de ganga azuis escuras e camisa e o jantar foi uma churrascada com a família e a seguir uma viagem de 2 horas e meio até casa dos meus sogros com umas quantas paragens pelo caminho devido à minha bexiga apertadinha de grávida. Cada vez tenho mais a certeza de que todas essas peripécias tornaram o dia ainda mais especial, exatamente como devia ser!
Não mudou nada sermos marido e mulher, mas parece que houve uma reafirmação do amor que sentimos um pelo outro e tornou o vínculo mais apertado quando nasceu a bebé. Agora somos uma família!
Opá e a escrever este texto e a ouvir esta música do Diogo Piçarra? Maravilhoso <3

terça-feira, 16 de junho de 2015

Semana 33 - A cegonha está mesmo a chegar!

Nunca fui uma maria-rapaz, mas sempre me dei melhor com rapazes do que com raparigas, embora desde que me conheço como gente sempre tenha tido muitos amigos e houvesse sempre muitas conversas sobre o que queríamos ser quando fossemos grandes. Tenho uma vaga ideia de ser a única do meu grupo de amigos até ao 12º que já sabia com toda a convicção a profissão que queria ter e a é a única que realmente poderia ter e que me faz feliz a maior parte dos dias Sorriso, mas nunca pensei muito no meu futuro noutras vertentes, se seria casada ou se teria filhos. Acho que pensava nisso tudo como se fosse tudo muito distante (e do alto dos meus 15 anos, se calhar até era!), mas sempre soube que as coisas aconteceriam quando fizessem sentido e realmente olhando 15 anos para trás, tudo parece encaixar para chegar onde estou hoje. Nunca fui daquelas raparigas que idealiza o homem dos seus sonhos, o dia do casamento ou a primeira gravidez e tenho sido bastante surpreendida nesta viagem de 30 anos e meio que já levo nesta vida.
Esta conversa toda para dizer que quando pensámos em engravidar, foi uma decisão consciente de ambas as partes e não houve palpites nem opiniões de ninguém sobre o que devíamos ou não fazer. Afinal, apesar de os bebés terem avós, tios, padrinhos, primos e demais família, os pais são os maiores responsáveis pelo cuidado e educação dos filhos, principalmente se os pais viverem longe da família (bem, há irmãos nossos por perto, mas os avós estão todos em Portugal). A família não podia ter ficado mais contente e se há coisas que lamento na decisão de ter vindo viver para a Suíça é realmente os nossos pais e os meus avós não puderem assistir mais de perto a esta gravidez e daqui a algumas semanas acompanharem o crescimento do bebé.
Os dias e as noites têm passado devagar, principalmente desde que estou de baixa, mas as semanas têm passado a correr entre o trabalho (apesar de estar de baixa, tenho tido coisas para fazer em casa – quem nos mandou fazer mudanças de casa na reta final da gravidez!? - e ainda tarefas pendentes do trabalho), as consultas médicas e a preparação para a chegada do bebé.
Agora dou por mim a sentir-me cada vez mais cansada (acho que não estou cansada de estar grávida, mas sinto-me cansada de ter os pés inchados e dores nas articulações, das milhentas vezes que tenho de ir à casa de banho e do sono pouco repousante e dos sonhos que tenho quase todas as noites) e ansiosa por conhecer o bebé. Sei que é tudo normal e que daqui a algum tempo vou ter saudades desta fase!
cute baby
via

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Semana 32 - Será que o dinheiro não traz felicidade?*

luis salário
via
Uma pessoa acorda de manhã com o barulho das obras no prédio e ainda se sente cansada por causa da festa do dia anterior, mas pensa que o dia não há de piorar, porque afinal o tempo está bom e está um sol radioso. Pois, acabou de piorar… Acabei de perceber que o meu salário levou ainda mais um corte. Bem, eu já sabia que isso ia acontecer, mas normalmente sou como São Tomé, só acredito quando vejo, ou seja, quando o ordenado me entra na conta ou recebo a folha do vencimento. Tenho de começar a pensar que isto de dar aulas no estrangeiro é só para quem corre por gosto, já que não pode de maneira nenhuma ser por causa do salário…
Aqui na Suíça não há salário mínimo (aliás, os suíços recusaram ainda há poucos meses a instituição de um salário mínimo nacional), em vez disso há um salário médio para cada função e que pode variar de cantão para cantão tendo em conta os contratos coletivos de trabalho nas empresas. Esse salário continua a ser muito elevado tendo em conta os padrões de Portugal, mas não os da Suíça 'apenas 9% dos trabalhadores recebem abaixo dessa fasquia (4000 francos)', e embora 4000 francos sejam aproximadamente 3300 euros, a vida aqui é muito cara em termos de bens essenciais sejam eles compras de supermercado ou renda de casa. Aqui nos Alpes (região de turismo de neve por excelência), um estúdio pode custar 1000 francos, que é como quem diz quase 830 euros (!!!) e um apartamento de tipologia T2, com 2 quartos facilmente chega aos 2500 francos, portanto uma realidade completamente diferente de Portugal.
E se pensarmos que aqui não há serviços de saúde públicos como em Portugal, a relação entre o salário e as despesas que se tem ainda é pior. A Suíça não tem um regime de Segurança Social em que os trabalhadores descontam uma percentagem do seu salário para a saúde e para as contribuições com a 3ª idade e com a infância (entre outras coisas), por isso todos os trabalhadores na Suíça (sejam nacionais ou estrangeiros) têm de ter um seguro privado por sua conta. Eu não tenho esse seguro porque sou abrangida por um regime especial, tendo em conta que sou funcionária pública portuguesa (nunca esta designação me soou tão mal!!), por isso tenho um seguro base fruto de um protocolo entre os governos português e suíço que me equipara a um cidadão suíço mas que não me facilita muito as idas ao médico, porque até posso não pagar na altura as despesas, mas hão de me chegar a casa, como de resto aconteceu na semana passada (relativo às anginas que tive em agosto e foram o motivo de ter ido 3 vezes ao médico, muito bem tratada por sinal com um rigor e uma preocupação diferentes de Portugal) e apesar de estar à espera de um valor alto, não consegui evitar ficar chocada com o valor de mais de 300 francos para pagar!
Depois de todos estes factos, resta-me focar-me no óbvio, que será diminuir ainda mais os gastos (que já são só os indispensáveis) e tentar pensar noutras coisas que não no salário, mas é difícil ser uma professora motivada se se ganha cada vez menos….

*respondendo à pergunta do título, costumo dizer que até de graça trabalhava se não tivesse contas para pagar, por isso para mim o dinheiro é SÓ um meio de obter bens que necessito para viver não algo que tenha de ter em excesso!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Semana 31 - Ousar ser devia ser obrigatório!

don't be afraid
via
Não ache que seja melhor ou pior do que ninguém (apesar de numa prova psicotécnica à pergunta: 'já se sentiu superior a alguém?' ter respondido que sim sem sequer ter pensado muito) mas para dizer a verdade a falsa modéstia irrita-me um bocado. Portanto, aqui vai uma limpeza da alma!
Tenho muitas qualidades e sei disso. Valorizo-me enquanto pessoa e sei qual é o meu valor (se bem que nem sempre ache que seja suficientemente capaz para muitas coisas), mas caramba, gosto de ir à luta. Ahhhh se gosto!
Adoro sentir a adrenalina da 'luta' a envolver o meu corpo e sentir que serei capaz. Depois de saber que fui efetivamente capaz de dar à volta às coisas e por conseguir ver sempre o lado positivo ainda me fico a sentir melhor, principalmente se isso depender só de mim.
Sei que fraquejei e que fracassei neste meu positivismo no ano passado quando toda a minha vida me parecia difícil de aguentar. Não é fácil lidar com a morte de alguém num acidente sendo nós a pessoa que esteve no sítio errado na hora completamente errada. Nunca me conformei com isso, mas infelizmente não é nada que eu consiga resolver...
Os problemas não desapareceram, acho que até pelo contrário, mas se já fui capaz de viver por 3 vezes no estrangeiro e começar a minha vida do zero, hei de ser capaz de muita outras coisas! Pelo menos a minha mãe tem uma confiança absoluta nisso e reforça-me a ideia de todas as vezes que falamos ao telefone, que nos últimos tem sido mais do que eu esperava!
Sei bem que em Erasmus o tempo é contado e que em 2011 a experiência foi de 4 meses e meio, mas não sei se assim não custará até mais, saber que ao fim de uns tempos tudo o que investimos vai ter um fim. Desta vez parti de coração aberto e sinto-me para ficar. E com isso sinto-me bastante livre mentalmente.

Há dias horríveis, claro que há, e já falei disso por aqui, mas parece-me que há outros dias em que por mais normaizinhas que sejam as coisas me sinto a crescer. Conhecem aquelas dores de ossos que os médicos dizem que são de crescimento? Pois, há dias que sinto que a alma me dói mas é exatamente por isso. Que todas estas experiências me vão levar longe.
Nunca me senti muito de planos, porque acho que fui percebendo que a vida tem umas estranhas maneiras de nos mostrar que não somos nós que mandamos. Vou-me adaptando, mas nunca parto (com tudo o que isso tem de mau), porque quero muito que a minha essência não se perca, só se enriqueça com os muitos momentos que vou colecionando. E que boa coleção que vou tendo já!



domingo, 6 de outubro de 2013

Semana 30 - Dia do Professor

via
Hoje comentei com os meus alunos que era o Dia do Professor e eles reviraram os olhos...achei sintomático daquilo que as pessoas em geral e os alunos em particular acham de nós - um mal necessário... Não fiquei lá muito contente, mas a aula lá continuou no ritmo que era suposto ter e falámos sobre a implantação da República. De 18 miúdos dentro da sala só dois é que puseram o braço no ar quando perguntei se sabiam que dia era hoje!Dá-me que pensar saber que os miúdos são portugueses mas não vivem em Portugal e por isso mesmo não sabem muitas informações importantes sobre o seu país [eu tenho uma opinião sobre isto, mas há de ficar para outro post, porque se prende com outras circunstâncias...], mas sinto que é para isso mesmo que aqui estou.

Não sei em que circunstâncias decidi tornar-me professora, mas sei, com toda a certeza, que nunca quis ser outra coisa, mas nem todos os dias acordo com a certeza absoluta de que sei o que estou a fazer da minha vida! Faço o que gosto, claro que sim e quando os alunos ultrapassam dificuldades e dão aquele salto qualitativo que é perceptível por toda a gente, principalmente pelos pais, fico felicíssima e reitero a decisão, mas no início das aulas tudo me parece aterradoramente difícil e  só ter de pensar como é que vou dar a volta às turmas quase me tira o sono…
Realmente tenho dormido mal nos últimos dias, mas não deve ser disso! Em termos gerais, ter de vir dar aulas para o estrangeiro e para isso ter deixado toda a família e todos os amigos em Portugal não é nada fácil. Foco-me no mais importante no presente -  os alunos - e preocupo-me com tudo o resto fora do tempo das aulas. Nem sempre é fácil separar as águas, sabendo eu que a minha disposição influencia o trabalho da sala e o contrário também é verídico!
Sendo então os alunos a minha prioridade é normal que me preocupe com todos em geral e com os alunos do Secundário em particular. Estes têm aulas todos os juntos (os 3 anos e 2 níveis de Português diferentes, sendo que o 12º vai fazer exame no fim do ano...) e eu queria separar a turma. Não foi fácil convencer os miúdos a mudarem o horário, mas acho que até correu melhor do que eu pensei. Lá reclamaram que às 6as ao fim do dia estão cansados e não lhe apetece, mas consegui organizar-me com eles e passam uns a ter aula às 6as das 6.30 às 8.30 (nem quero pensar quando chegar o inverno e a neve…) e outros aos sábados às 8.30 de la matin!
Só é pena é que para estas mudanças vou abdicar de um dos meus dias de folga e vou acrescentar mais duas horas (não pagas) ao horário. Os miúdos não sabem nada disto e tenho cá a sensação que 2 horas de aulas a mais por semana não vão ser nada fáceis, mas assim até me sinto um bocado mais em consonância com as 40 horas de trabalho dos funcionários públicos em Portugal. Pois é que lá por estar aqui, também sou funcionária público e o meu salário também sofreu cortes e não foram nada pequenos!!

Voltando ao alunos, eu só espero que compense a alteração e que realmente eles aproveitem melhor as aulas, já que vai exigir esforço da minha parte. Eu não me importo, até porque quem corre por gosto não cansa, mas gostava era depois de colher os frutos disso! Que os conhecimentos dos alunos fossem desenvolvidos e explorados e que no fim do ano não me digam o que me disseram na primeira aula: ‘stôra, no ano passado não aprendemos nada!’

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

semana 29 - E vivam as reviravoltas!

E a história repete-se, mas agora com confirmação oficial :) Eu vou voltar a trabalhar no estrangeiro!
Já é tempo de contar as boas novas que por aqui vão, porque me sinto um bocadinho angustiada e ansiosa com tudo isto e assim ponho por escrito e pode ser que a coisa se acalme.
Pois que em março de 2011 concorri a um posto de professora de Português e fui colocada na Alemanha. Este ano, sem esperar, o concurso para 2013-2014 abriu com algumas vagas para os professores que prestaram provas no ano passado. Quando soube disto e vi o meu nome na lista nem quis acreditar. Fiquei boquiaberta e nem sabia se havia de rir ou de chorar e com uma boa proposta de trabalho numa escola a começar em setembro ainda hesitei por momentos (uns poucos segundos...). Chamei o marido e a minha pergunta foi:  too busy
- 'E agora, o que é que eu faço?'  - 'Então, mas estás à espera de quê para enviar esse email?'

Nem tive grande hipótese de pensar e de ponderar nos prós e nos contras. Já se sabe que isso fica para depois (que chegou agora por estes dias de espera!). Eu que sou pelo ir, pelo fazer, pela ação!


Mail enviado e depois uma semana e meia de espera. Nome na lista com o horário escolhido em primeiro lugar à frente e serei mais uma a procurar uma vida lá fora, embora a trabalhar para o governo português. Fiquei meio histérica e o meu coração deu um salto. Apeteceu-me ligar a toda a gente, mas para além de nós dois mais ninguém sabia de nada disto. Mantivemos segredo para não agoirar, por isso foi uma surpresa para todos, incluindo a família (à exceção da minha mãe).

Houve notícias dadas via facebook e por telefone, mas a maioria foi ao vivo e a cores. Quase ninguém sabia que tinha concorrido, por isso foram apanhados de surpresa e houve incredulidade e algum choque por ir novamente sozinha desta vez por um ano.


Ainda não sei a data da partida, mas sei que será no início do meu mês, já daqui a um par de semanas*. O que sei é que tenho coisas para resolver e listas de items é o que não falta por estes dias em cima da minha secretária: listas de produtos de beleza a comprar para que a bolsa vá composta e não seja precisa alguma coisa de última hora e depois não dê jeito (bem, não vou para o fim do mundo, mas gosto sempre de ir prevenida com as coisas que uso); o mesmo se passa com o material escolar. Já tinha comentado aqui que teria de renovar e agora que vou ser professora lá fora apetece-me levar a mala do trabalho já pronta a ter as primeiras aulas.  A propósito de me and youlistas, há uma lista que não chegou ao papel, mas está a ser bem cumprida (e comprida também…) que é a lista das arrumações e dos afazeres cá em casa. Já tinha pensado em fazer umas limpezas enquanto estou de férias, mas agora com esta mudança toda, as limpezas e arrumações são mesmo necessárias. Há coisas para pôr na mala e levar, outras que já tiveram o seu tempo e vão juntar-se aos sacos no sótão, que estão só à espera que os leve para o contentor da Humana. Ando a destralhar e a arrumar direitinho e sinto-me mais leve, porque vai sendo uma coisa de cada vez, como eu tanto gosto.

Ando cheia de vontade de ir buscar a mala e começar a pôr a roupa e os meus objetos essenciais lá dentro para ter tudo pronto no fim do mês, mas enquanto a mala estiver por arrumar vou continuar naquela zona cinzenta em que tudo isto parece um sonho e eu estou prestes a acordar. Quando começar a empacotar as coisas já não há mesmo volta a dar!
E eu gosto tanto deste nervosismo que antecede a partida, mas sabe-me sempre a tempo pouco gozado. Só penso como vai ser? E o sítio será que é bonito? Vejo fotos e acalmo um pouco da ansiedade, mas é sempre diferente quando estou prestes a embarcar com coração na boca para mais uma aventura.
Como sempre na nossa vida, Eu vou, tu ficas, mas venha o que vier e seremos sempre nós!

*Entretanto já sei que vou já domingo, já daqui a 3 dias! Escrevi este texto em meados de agosto, mas nunca pensei que pelo meio destas semanas todas tivesse tanto tempo para pensar!

sábado, 16 de março de 2013

Semana 28 - Inspira, expira

some days
via
Quem for hoje aqui ao blog ali ao lado deve pensar, e com muita razão, que sou bipolar! Ontem agendei o post sobre a felicidade porque me fez continua a fazer todo o sentido, mas para isso é preciso que as coisas se proporcionem, e se encaixem nos sítios certos. E nem sempre isso acontece.

Há dias em que acordo assim a pôr tudo em causa, em que estou só por estar, e a cabeça anda perdida noutro sítio qualquer. Penso num milhão de coisas e nada me faz sentido. Não me sinto deprimida nem nada que se pareça (bye-bye antidepressivos desde meados de fevereiro!), mas fico meio embirrada com a vida e com as partidas que nos prega e com as coisas que se alteram em menos de nada.

Não percebo porque é que por mais cedo que acorde chego sempre atrasada à primeira aula da manhã. Sei que me perco a fazer trabalho útil (ou talvez a agendar posts, porque me dá prazer!) e a imprimir fichas e a enviar mails para os formandos com o material das aulas.  Não percebo o que é isso tem a ver com esta ansiedade que nunca me larga. Não atino com o motivo porque é que quando ando stressada me dá um desejo incontrolável de comer chocolates e outras porcarias altamente calóricas (a química explica, I guess!) e que depois se revela em não me sentir tão bem como gostaria no corpo que tenho.

Não compreendo esta vontade de fazer tudo bem que se torna destrutiva e me faz andar sempre com a angústia de mão dada com a adrenalina. Gosto de ter tudo nos eixos, mas nem sempre a minha vida depende só de mim e quando não depende e tenho de desculpar os erros e as faltas de organização de terceiros, ainda fico a sentir-me mais irritada.

Há dias, como hoje, em que sinto que a minha cabeça vai explodir tal o ritmo dos pensamentos que por aqui vai. Espiral supersónica que nem com um cappucino acalmou. [No meio de todo este rebuliço, tento respirar fundo e manter a calma.]

Penso no meu avô que com 81 anos e sempre cheio de saúde e de força tem estado mais dias internado nos últimos meses do que no resto dos seus anos de vida. Penso nesta injustiça que é a vida e as doenças que nos traz. E do sofrimento que nos causa a todos. Aos que sofrem na pele os problemas, e aos que se sentem impotentes para aliviar os que amamos.

Lembro-me de todas as coisas boas que já me aconteceram e por mais estúpido que possa parecer, só me dá vontade de chorar. Penso em tudo o que gostava de fazer na vida e que, mesmo por serem coisas realizáveis, vão ficando sempre para segundo plano. Ainda para mais sabendo que há momentos importantes que daqui a uns anos vão ser lembrados com nostalgia mas com a sensação de terem passado rápido demais.

Penso no pouco tempo que passo com a minha família supostamente por causa do trabalho (que também me realiza), mas que não pode ser a ‘desculpa’ para tudo. Quando estou com eles fisicamente, a minha cabeça está normalmente focada no que vem a seguir, no que tenho para fazer dali a umas horas, mas quando não estou apercebo-me dos dias a passar e sinto que fico sem tempo e sem conseguir imortalizar aqueles momentos preciosos em que o meu sobrinho já balbucia algo mais que umas letras e o meu nome já soa quase, quase completo.

Vejo e leio as notícias na diagonal e dá-me um aperto no coração com estes acontecimentos. Caramba para estas coisas que acontecem a quem menos espera e que vê a sua vida levar uma reviravolta e fugir-lhe a esperança. É por estas e por outras, que vou desabafando por aqui o que me acontece, mas não me queixo.

Dias melhores virão, de certeza!