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Chega setembro, bem devagar, depois de um agosto terrível. Eu sei que não costumo gostar dos agostos e cada vez mais sinto isso bem cá dentro do peito. Este ano não foi exceção. Felizmente setembro chegou e este ano apareceu ao fim de semana, que é sempre coisa para alegrar uma pessoa.
Sei e sinto que não sou de me queixar. Gosto de andar para a frente enfrentando o que futuro me vai trazendo, mas nos últimos tempos não tem sido fácil e por isso estou tão contente por ter chegado o meu mês. Acordo com mais vontade, com mais ganas de fazer coisas. A letargia vai ficando para trás quando se começam a desenrolar propostas de trabalho e planos para os próximos tempos. É disto que eu gosto em setembro.
Aqui no bairro já se nota algum rebuliço por causa do início das aulas, veem-se mais pessoas na rua, ouve-se mais barulho, arrumam-se as salas e embeleza-se a escola para os novos alunos que aí vêm. Todos os anos há alunos novos que vão construindo o seu futuro entre as paredes de uma escola.
Todos os anos é a mesma adrenalina que me sobe no peito. Durante 18 anos enquanto aluna, adorava o mês de setembro. Voltar à rotina depois de tantos dias de brincadeira, de descanso e de alguma ajuda aos meus pais (pois, porque menina mimada é epíteto que não me assenta!) e voltar a ver os amigos e os professores. Tive a sorte de ter estudado numa boa escola _ pública, como acho que deve ser! –, por isso sinto que esta nostalgia do início do ano vem daí. Agora como professora, como diz a Duchess, também eu faço o balanço dos primeiros dias e das minhas memórias. Já não consigo destrinçar muito bem o meu eu enquanto aluna e a parte da professora, porque tenho aprendido tanto agora deste lado.
E quando chega setembro, a minha vida muda para melhor. Muito melhor. Agosto parece-me uma infinidade de dias sem qualquer história, dias que foi preciso ultrapassar para chegar ao meu mês preferido. Gosto de fazer com que a minha vida valha a pena e todo esse entusiasmo chega em setembro. E não é esta coisa que me foi diagnosticada que me vai mudar os planos.
Sei que para muitos, setembro é só mais um mês que aproxima o fim do ano e o Natal, mas para mim sempre foi especial e sinto que eclipsa todas as coisas menos boas que têm acontecido. No dia 13 de julho, fiz pela primeira vez uma coisa nova – consulta com o neurologista – que me diagnosticou uma depressão reativa, porque estou a reagir a todos os problemas que tenho tido: o fracasso da empresa, a instabilidade profissional (o meu trabalho faz-me feliz, mas é instável. Ainda assim, acho que são melhores os momentos bons do que os menos bons!) e principalmente o acidente. Como é que se ultrapassa uma situação grave, em que não tivemos culpa, mas que causou a morte a uma pessoa? Eu não tenho resposta para isso, embora perceba que em muitos dias foi o trabalho que me permitiu andar de cabeça para cima sem parar para pensar nisso. E o verão e o pouco trabalho trouxeram tudo isso de volta… Por isso vieram os calmantes, os anti-depressivos, que por bons que sejam a longo prazo (que são!) também trouxeram muita letargia, muita necessidade de dormir, muito efeito-zombie, muita apatia nos primeiros tempos.
Agora que finalmente já me sinto eu, começa o meu mês. E eu gosto tanto destes recomeços! Ainda não dei a despedida da praia, mas já não deve faltar muito, já que sinto setembro como mês de criar novos hábitos, novas rotinas, voltar ao ativo a fazer o que gosto tanto. É um mês de calma porque se me acalmam os nervos e a ansiedade de voltar ao trabalho, que está em fase de organização e de estruturação de horários, de conhecer novos alunos e afins.
Quando chegar a fase da adrenalina com as milhentas coisas para fazer e os muitos sítios para ir, serei mais feliz. Todos os anos é assim! E espero que os setembros continuem a ser especiais!
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