segunda-feira, 27 de junho de 2011

Semana 10 – Vamos?


As viagens levam-nos onde o coração deixa. O sítio a que chamamos casa pode ser ao virar da esquina ou do outro lado do mundo. De pouco importa quando aquilo que nos define lá está.
Gosto de sair de casa. Stop. Gosto de ficar em hotéis. Stop. Gosto de ir. Stop. Gosto de viajar. Stop. Mas gosto muito de chegar. Stop. A qualquer lado. Stop.

Se isto fosse um telegrama seria o que eu diria. Resumindo, gosto acima de tudo de ir, daquela sensação boa que é ter um objetivo, um destino marcado e saber logo na casa da partida que vai ser divertido.

Viajar é em primeiro lugar os arrepios no estômago quando a viagem está a ser planeada. Aqueles tempos em que ainda reina a indecisão. Vou ou não vou? Vamos ou não vamos? E quando a decisão é sim, os arrepios passam a entusiasmo. E é o entusiasmo que me move quando começo a pensar naquelas coisas importantes para além do destino que já está decidido. Onde é que ficamos? E quantos dias? O que vou visitar? Será que o tempo vai estar bom?

Com todos os pormenores relativamente bem pensados e já ponderados e discutidos, o tempo começa a ser cada vez mais curto, até que chega o dia. Mala no carro ou às costas, conforme o tipo de viagem e agora vamos lá.

Primeiro a viagem – as últimas têm sido longas e cansativas - e  só depois a chegada. Só o alívio da chegada ao hotel – ou ao hostel, no caso desta – é comparável em grandeza ao desejo de ir. Na última ida, 8 horas de autocarro numa viagem chatinha e demorada, mas que podia ter sido pior. Não enjoei, o que, tendo em conta o histórico, já não foi nada mau.

Na chegada ao destino, mesmo que esteja de rastos, fico felicíssima, porque já sei que vou enriquecer um bocadinho mais a minha bagagem cultural, nem que esta viagem seja já uma 2ª visita. Há sempre sítios novos a visitar ou podemos visitar os mesmos, mas iremos com certeza experienciar novas sensações e sentimentos. E é tão bom matar saudades.

E quando acordo pela primeira vez numa cama diferente da do costume, num sítio novo já tenho pensado: ’Caramba, tenho tanta sorte!’ E sei que tenho sorte por poder estar a fazer uma das minhas atividades preferidas, que é sair da minha concha e misturar-me com as pessoas. Ser mais uma a poder dizer: Estive aqui. Fiz parte da vida deste sítio. Saboreei o que é viver aqui. E agora quero mais…

Não um querer egocêntrico, mas aquela vontade de coração aberto, de querer crescer, viver sempre mais, conhecer mais, pertencer a algum sítio, mesmo que esse sítio esteja em vários lugares. E mesmo que o coração comece a ficar muito repartido, em vez de abrir fendas, vai ficando cada vez maior.

E pertencer a algum sítio é pôr-se os pés fora da cama e desejar que o dia corra bem, mesmo que chova, mesmo que esteja um calor abrasador, mesmo que se ande no metro sem pagar bilhete, mesmo que por pouco não se tenha de dormir fora do quarto, mesmo que doam os pés. As coisas menos boas são sempre as que dão as melhores histórias.

Ser viajante é isso. É poder ir onde se quer, ver e conhecer o que é importante, ou então onde os nossos pés nos levam, tirar as fotos da praxe, ou de outros ângulos diferentes ou absurdos.  É perder-se nas distâncias e andar quilómetros a pé só porque não apetece apanhar o próximo transporte. É apanhar 2 molhas no mesmo dia. Estar lá e viver a vida noutro sítio. Deixar a rotina em casa e voltar a não ter horas com prazos de validade.

É simples. É querer e ir. Stop

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Semana 9 - Abster-se não significa que irá melhorar!

vote via

 Abstenção atinge valor recorde na história das legislativas no Público

Não era nada que já não se esperasse, mas ainda assim fiquei surpreendida pela negativa. O valor mais elevado de sempre?! Estando o país em crise profunda a vários níveis, com a troika BCE/Comissão Europeia/ FMI a governar resolver os problemas do país nos próximos anos e depois de tantas manifestações, protestos, críticas e descontentamento, acho que não se justifica isto!!

Eu não votei por razões logísticas. Cheguei cá à Alemanha em meados de Março e com tantas coisas para resolver nem me lembrei disso. Quando comecei a pensar que para votar me deveria recensear aqui, já não podia porque isso deveria ter sido feito até ao dia 6 de Abril. Desde que tenho cartão de eleitora só não votei uma vez e também porque estava aqui na Alemanha na altura.

Se estivesse em Portugal claro que teria ido votar, as usual na escola primária ao lado da minha casa e teria sido menos uma a contribuir para a abstenção. Que para não variar foi a vencedora destas eleições. Apesar de se saber que não há nunca nenhum candidato ideal - e no panorama atual ainda se torna mais difícil que isso aconteça - é sempre mais fácil assobiar para o lado e fingir que não é nada connosco, do que se tomar uma atitude. Mais que não seja para depois se poder reclamar com razão. Eu acho uma falta de respeito e de responsabilidade cívica para com o país (que no fim de contas é composto por todos nós) as pessoas só reclamarem e não fazerem nada para mudar isso. Tenho consciência que muito provavelmente o PSD iria ter mais votos, mas os partidos menos representativos também, o que ajudaria a equilibrar mais as contas.

Pelo menos há unanimidade numa coisa: a demissão do ex-primeiro-ministro da liderança do PS. Admito que noutras eleições votei nele, esperando que fizesse alguma coisa pelo país, visto que seria um rosto menos conhecido e menos permeável aos ‘amiguismos’. Afinal a personalidade e postura arrogantes, nunca admitindo erros e metendo os pés pelas mãos em várias circunstâncias não beneficiaram o país. Com certeza que houve coisas que devem ter sido bem feitas, mas muitas vezes as polémicas abafaram tudo isso.

Fico contente por saber que saiu do poder, mas como diz a Cocó também estou céptica quanto a este primeiro-ministro. No início da campanha parecia uma coisa, mas ao longo do tempo também tem dado calinadas e feito alguns erros. Estou expectante para ver como vai conseguir gerir o país nestas condições, e principalmente para ver se não vai cair nos mesmos erros do PS. E preocupa-me haver um primeiro-ministro e um presidente da República da mesma cor política.

Quanto à abstenção, acredito que com esta percentagem de não-votantes se deveria era começar a refletir sobre o ato de votar como obrigação. A meu ver, a solução, que já não é nova, passaria por instituir o voto obrigatório* e com multa caso não fosse cumprido. Se as pessoas não cumprem os seus direitos, pelos menos assim seria uma democracia mais justa, com mais participação política.

* A prática do voto obrigatório remonta à Grécia Antiga, quando o legislador ateniense Sólon fez aprovar uma lei específica obrigando os cidadãos a escolher um dos partidos, caso não quisessem perder seus direitos de cidadãos. by Wikipedia