segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Semana 24 - Portugal ao contrário

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Sou pessimista porque sou lúcido, disse Manuel Cavaco em entrevista no Alta Definição e na altura, apesar de não concordar muito, guardei a frase porque podia vir a fazer sentido. Tinha razão.

Não é que me tenha transformado em pessimista, mas acho que esta crise veio fazer-nos olhar para as nossas vidas de uma forma mais crua. Eliminam-se os excessos, corta-se o supérfluo, perde-se o brilho no olhar, mas continuamos a viver neste país que é o nosso, pelo menos até perdermos toda e qualquer esperança que ainda nos reste na alma. A quem acontece isso, resta-lhe o sonho de que noutro lado será mais feliz do que neste país que parece que não nos quer cá. A nós jovens, ou até aos mais velhos que deixaram de acreditar no seu país e que muitas vezes saem de Portugal sem saber que condições vão encontrar! Agora lembrei-me que já tinha escrito sobre isso aqui, a propósito da manifestação de março do ano passado. E continuo a achar o mesmo!

Há umas semanas na formação profissional que estou a dar (a pessoas que estão desempregadas) discutiram-se os direitos adquiridos que desapareceram, a quantidade de burocracia existente em tudo o que é serviço público e toda uma série de problema que existem no nosso país e que só complicam a vida das pessoas. Eu só olhava para os meus formandos com um misto de compreensão e perplexidade. Em parte eu percebo a angústia das pessoas porque se sentem completamente devastadas com a perda dos direitos adquiridos e com o mau funcionamento das coisas em Portugal, principalmente com a facilidade dos despedimentos e o fraco ou inexistente controlo dessas situações por parte do Estado. Os ricos continuam a ficar cada vez mais ricos à custa dos contribuintes, que estão cada vez mais pobres e desempregados, porque o desemprego já atinge cerca de 15% da população ativa.

Os direitos pelos quais as pessoas lutaram e continuam a lutar estão a desvanecer-se num mar de medidas supostamente anti-crise que tornam cada vez mais difíceis as vidas das famílias. Já somos mais papistas que o Papa a apertar um cinto que já não tem mais buracos por onde apertar. As pessoas perdem o emprego, muitas famílias perdem as casas, a vida económica do país está a estagnar sem nada podermos fazer porque votámos neste governo e em todos os últimos governos que nos puseram nesta situação!

As pessoas manifestam-se com grande alarido ou
com um silêncio assustador contra tudo o que está a acontecer no país. Há greves, há marchas do povo que enchem as ruas de Lisboa e de várias cidades pelo país contra a Troika a instigar o regresso das vidas anteriores à crise, há imagens que marcam essas manifestações que não são mais do que uma tentativa de tornar mais humanas e mais racionais essas demonstrações do sentimento de revolta do povo português. Há quem abrace polícias ou quem lhe entregue cravos a relembrar uma outra revolução que mudou o país. Escreveu-se sobre isso na blogosfera a contar como foi quem lá esteve, viram-se reportagens durante toda a semana a contar o que aconteceu no dia 15 de setembro e ainda há referências a esse sábado como um dos mais marcantes dos últimos meses.

Depois há o outro lado. O sentimento da inevitabilidade do fado português. A vida é assim e não podemos fazer nada para a mudar, o que me irrita sobremaneira. Sei que muitas das pessoas que vão às manifestações e fazem greve, estão cansadas e queixam-se com razão, mas de que lhes vale queixarem-se e manifestarem-se se é só isso que fazem e não dão o seu contributo para que as coisas melhorem? O desemprego aumenta, mas quem ainda tem trabalho deve esforçar-se para que o seu trabalho importe e sirva de alguma coisa. Não é só a queixarmo-nos que as coisas se resolvem. É a trabalhar, é a dar o nosso melhor, é a tentar ver a vida por outro prisma, de outra perspetiva que podemos melhorar o nosso país. Há quem ‘invente’ T-shirts contra a Troika, quem faça contas à vida e tome opções mais coerentes com as condições atuais, quem se torne adepto do low-cost para conseguir continuar a fazer o que goste e a gastar muito menos.

z povinhoO governo devia aprender com as pessoas que uma logística equilibrada é feita de maior receita e menor despesa e por isso devia primeiro eliminar o que está a mais (despesas pesadas na máquina do estado que são os contribuintes que pagam: carros, luxos, assistentes, secretários e por aí fora…), e logo aí ser veria que não seria necessário aumentar tanto os impostos, porque a balança ia começar a ficar mais equilibrada. Ou então também pôr os olhos em medidas que se tomam lá fora que não prejudicam tanto as pessoas ou pelo menos atenuam as medidas de austeridade que nos são impostas todos os dias. 

bandeira matilde
Para além disso, devia ter-se mais atenção e respeitar a república, já que não se tem respeitado as pessoas. Ter uma bandeira ao contrário na comemoração do aniversário da instituição da República é grave e a meu ver sintomático do que se passa com o país! Já ouvi dizer que não vivemos num estado de direito, vivemos num ‘estado de sítio’.  Temos de levar as coisas com ironia, sim senhor (Já não há pachorra para tanta metáfora que envolve a bandeira ao contrário. Estamos tão sensíveis aos símbolos nacionais. Agora só falta todos aprendermos a cantar o hino. Ah, e votar!!!), mas também temos a obrigação de pensar no futuro do nosso país de uma forma séria, já que estamos a ficar sem esperança. O que mais se vê por estes dias em Portugal é gente sem esperança, sem fé no futuro. Gente que já não acredita num amanhã melhor.

Infelizmente não é só de gente crescida que estou a falar. Cada vez há maior dificuldade em explicar às crianças o porquê da crise. Porque é que têm de deixar de fazer as suas atividades preferidas ou porque é que têm de estudar se não sabem se vão ter emprego, ou porque é que o pai ou a mãe não tem trabalho ou porque é que as coisas em casa estão tão diferentes. Já há livros que explicam a crise às crianças, mas eu acho que as crianças precisam é de poder sonhar e não de estarem preocupadas com coisas que não compreendem.

Para mim, as crianças são o que de melhor um país tem, porque são elas que nos irão governar, por isso devem ter a sua infância resguardada dos problemas e aprender a crescer e a pensar. Se tiverem de crescer com meia dúzia de brinquedos em vez de terem um quarto cheio, concordo. Se tiverem de aprender a não serem esquisito com a comida, com a roupa ou com as brincadeiras, apoio a 100%. Se não puderem ir para a natação, podem ir correr para o jardim com os pais. E muitas outras variantes para o mesmo tema.

Há tempo para tudo, e neste tempo em que vivemos, também concordo que as crianças devem ser imunes o máximo possível a esta crise, mas tendo consciência de que os tempos em que vivemos são difíceis. Só assim conseguiram valorizar as coisas boas que têm. Aí também podemos aprender com elas. A valorizar as coisas boas que ainda temos, porque a nossa vida não pode ser só esta crise de que falamos todos os dias! Neste momento continuo um pouco otimista, mas muito mais lúcida! 

domingo, 7 de outubro de 2012

Semana 23 - Tamanho acima

weight realityUm dia destes falava com uma amiga sobre a importância dos tamanhos para o bem-estar das mulher e foi uma lufada de ar fresco ler o artigo da Activa de setembro sobre as modelos XL. Nem todas são somos esqueléticas nem queremos ser, mas parece-me que as lojas de roupa ainda não perceberam isso. Fazem roupa pequena para mulheres que têm a anca larga, peito grande e não vestem o 38 e depois é todo um acumular de frustração ao longo de anos e anos.

Sei que muitas vezes saí do shopping frustrada por não encontrar nada de jeito. Umas vezes a cor, outra o formato, mas na maioria o tamanho. Quase que me sinto obrigada a ser magra por causa das roupas que gosto. Continuo a não gostar muito de ir às compras porque não tenho gostado de nada e acho que é tudo demasiado caro. Dar 30€ por uma camisola acho um absurdo! E se ainda por cima fica justa ou tem um corte que só favorece quem tem menos peito, pior.

fluvia lacerda
É verdade que estou uns quilos mais magra e sinto-me melhor com o meu corpo, mas não deixei de te ter curvas, bastantes por sinal, as ancas continuam bem redondas e o peito também se mantém. Também sei que nunca vou conseguir vestir o 36 nem o 38! E ainda bem!

Só tenho a dizer que não percebo nada de design de roupas, mas acho que seria uma ótima ideia haver lojas em que os tamanhos se adequassem às mulheres reais? Acho que as empresas iam definitivamente ganhar mais dinheiro com isso, já que a maioria das mulheres não se encaixa nos números mais pequenos. 

A Zara tem os tamanhos cada vez mais pequenos e os preços cada vez mais altos, na Stradivarius e na Bershka só até ao L e mesmo assim são pequenos. Vá lá que a Mango tem baixado ligeiramente os preços, mas para quem vista o 44 a oferta não é muita, verdade se diga. Sei que na H&M os tamanhos são grandes e na coleção normal há até ao 46, e depois há a coleção tamanhos grandes que começa no 44 e termina no 60, se não me engano. O problema é que as roupas da coleção plus size não são muito do agrado das pessoas.

Lá porque uma pessoa tem peso a mais não significa que não seja feminina, certo? Vejam-se as fotos da Tara Lynn, candice huffineda Fluvia Lacerda, da Candice Huffine ou da Robyn Lawley, que são a prova provada de que os mulherões existem mesmo!

Bem, esta última ligeiramente mais magra, mas ainda assim veste o 44 e isso não a impediu de fazer uma campanha para a Ralph Lauren e de ser capa de várias revistas, como por exemplo da Vogue italiana ou da Elle francesa. É verdade que antes de a escolher para ser a cara da marca, a Ralph Lauren despediu uma modelo – Filippa Hamilton - por ter excesso de peso e não se coadunar nos parâmetros da marca. Se há coisas que não compreendo, uma delas é esta! Não acho nada mal contratarem uma modelo plus size para as campanhas da marca, só é condenável o terem feito depois de considerarem outra modelo com demasiado peso para as campanhas. Não me faz muito sentido…


size
Já escrevi sobre isto aqui, e continua a parecer-me muito bem que se valorizem as curvas femininas, que são isso que nos transformam naquilo que somos – femininas. Há vários tipos de corpo, obviamente, com mais ou menos curvas e há quem goste mais ou menos de se ver com as curvas que tem, mas a mim parece-me que se nos compararmos com quem é diferente de nós, só servirá para nos sentirmos inferiores. É óbvio que há sempre alguma coisa que podemos mudar no nosso corpo, não fosse o sexo feminino conhecido pela insatisfação natural, mas a comparação não nos torna mais felizes.

Se achamos que ter uns quilos a menos nos vai fazer mais felizes, porque não? Se nos sentimos felizes com os quilos que temos e com todas as bonitas curvas que temos, porque não? Eu acho que cada uma deve ser feliz à sua maneira, porque ser feminina depende principalmente da atitude que se tem para com o corpo que se tem.


É uma atitude confiante que nos torna atraentes, não é a quantidade de curvas. Até porque segundo consta: a curva mais bonita de uma mulher é o sorriso’ e isso é válido para qualquer uma de nós, desde que o sorriso seja confiante e convincente!

Quanto à tal atitude confiante acabei de ler isto: 'O espelho não mostra o que somos, só mostra o que queremos. O que é uma pena, porque às vezes (no peso e noutras coisas mais importantes) somos muito melhores do que o que vemos no espelho e do que pensamos' no blog da Divine Shape e não podia deixar de escrever aqui, porque resumo de uma forma sublime tudo o que quis dizer!
Com banda sonora a condizer e tudo! 

Something 'bout the way the hair falls in your face
I love the shape you take when crawling towards the pillowcase
You tell me where to go and
Though I might leave to find it
I'll never let your head hit the bed
Without my hand behind it


'Your body is a wonderland' John Mayer

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Semana 22 - Setembro ou estação da calma

left behind
blurry days

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Chega setembro, bem devagar, depois de um agosto terrível. Eu sei que não costumo gostar dos agostos e cada vez mais sinto isso bem cá dentro do peito. Este ano não foi exceção. Felizmente setembro chegou e este ano apareceu ao fim de semana, que é sempre coisa para alegrar uma pessoa.

Sei e sinto que não sou de me queixar. Gosto de andar para a frente enfrentando o que futuro me vai trazendo, mas nos últimos tempos não tem sido fácil e por isso estou tão contente por ter chegado o meu mês. Acordo com mais vontade, com mais ganas de fazer coisas. A letargia vai ficando para trás quando se começam a desenrolar propostas de trabalho e planos para os próximos tempos. É disto que eu gosto em setembro.

Aqui no bairro já se nota algum rebuliço por causa do início das aulas, veem-se mais pessoas na rua, ouve-se mais barulho, arrumam-se as salas e embeleza-se a escola para os novos alunos que aí vêm. Todos os anos há alunos novos que vão construindo o seu futuro entre as paredes de uma escola.
Todos os anos é a mesma adrenalina que me sobe no peito. Durante 18 anos enquanto aluna, adorava o mês de setembro. Voltar à rotina depois de tantos dias de brincadeira, de descanso e de alguma ajuda aos meus pais (pois, porque menina mimada é epíteto que não me assenta!) e voltar a ver os amigos e os professores. Tive a sorte de ter estudado numa boa escola _ pública, como acho que deve ser! –, por isso sinto que esta nostalgia do início do ano vem daí. Agora como professora, como diz a Duchess, também eu faço o balanço dos primeiros dias e das minhas memórias. Já não consigo destrinçar muito bem o meu eu enquanto aluna e a parte da professora, porque tenho aprendido tanto agora deste lado.

E quando chega setembro, a minha vida muda para melhor. Muito melhor. Agosto parece-me uma infinidade de dias sem qualquer história, dias que foi preciso ultrapassar para chegar ao meu mês preferido. Gosto de fazer com que a minha vida valha a pena e todo esse entusiasmo chega em setembro. E não é esta coisa que me foi diagnosticada que me vai mudar os planos.

Sei que para muitos, setembro é só mais um mês que aproxima o fim do ano e o Natal, mas para mim sempre foi especial e sinto que eclipsa todas as coisas menos boas que têm acontecido. No dia 13 de julho, fiz pela primeira vez uma coisa nova – consulta com o neurologista – que me diagnosticou uma depressão reativa, porque estou a reagir a todos os problemas que tenho tido: o fracasso da empresa, a instabilidade profissional (o meu trabalho faz-me feliz, mas é instável. Ainda assim, acho que são melhores os momentos bons do que os menos bons!) e principalmente o acidente. Como é que se ultrapassa uma situação grave, em que não tivemos culpa, mas que causou a morte a uma pessoa? Eu não tenho resposta para isso, embora perceba que em muitos dias foi o trabalho que me permitiu andar de cabeça para cima sem parar para pensar nisso. E o verão e o pouco trabalho trouxeram tudo isso de volta… Por isso vieram os calmantes, os anti-depressivos, que por bons que sejam a longo prazo (que são!) também trouxeram muita letargia, muita necessidade de dormir, muito efeito-zombie, muita apatia nos primeiros tempos.
Agora que finalmente já me sinto eu, começa o meu mês. E eu gosto tanto destes recomeços! Ainda não dei a despedida da praia, mas já não deve faltar muito, já que sinto setembro como mês de criar novos hábitos, novas rotinas, voltar ao ativo a fazer o que gosto tanto. É um mês de calma porque se me acalmam os nervos e a ansiedade de voltar ao trabalho, que está em fase de organização e de estruturação de horários, de conhecer novos alunos e afins. 

Quando chegar a fase da adrenalina com as milhentas coisas para fazer e os muitos sítios para ir, serei mais feliz. Todos os anos é assim! E espero que os setembros continuem a ser especiais!

domingo, 27 de maio de 2012

Semana 21 - Do(s) valor(es) de cada um

to have values
plans for wild life

Os meus pais fizeram 28 anos de casados a meados do mês passado e houve jantar lá em casa. A minha família não é nada dada a grandes convenções sociais e todos preferimos um jantar em família em casa do que no restaurante. Isto significa que estamos mais à vontade, temos direito à lareira acesa e a dois dedos de conversa enquanto dá o Benfica na televisão como barulho de fundo e os meus pais podem jantar com roupa de andar por casa, em vez de terem de se pôr chiques para irmos jantar fora.

Não sei se isto os torna uns ‘bichos’ estranhos por gostarem mais de estar em casa do que de sair, mas é assim que são, por isso há que valorizar o que nos une. Sim, porque eu me sinto cada vez mais assim, também. Sei que muitas vezes gostaria que os meus pais fosses pessoas diferentes, com mais vontade de sair, de conhecer sítios e pessoas, mas depois penso em mim e no que sou e no que eles me ensinaram e agradeço todos os valores que me transmitiram, mesmo que para isso tenham tido uma vida dura e não tenham feito uma vida de passeio, como outras pessoas que conheço.

Escrevi aqui que ando a sentir-me demasiado focada no meu ‘umbigo’ e na minha própria vida para conseguir dedicar o meu tempo a outras coisas igualmente importantes, mas se pensar bem, vejo que afinal não é tanto assim. Continuo a dedicar-me aos Escoteiros*, continuo a ajudar os meus pais – sempre que posso -, ainda penso nos outros e muitas vezes em primeiro lugar – gosto muito de ir passear a pé com a minha sogra, mesmo que às vezes tenha de fazer alguma ginástica em termos de tempo para o conseguir fazer - e continuo a pôr o bem-estar da minha família em primeiro lugar. Olho para os meus pais e vejo que foi isso mesmo que sempre fizeram e é isso que nos torna uma família tão unida. Claro que houve e vai continuar a haver problemas para resolver, mas sinto que ‘o aprender fazendo’ foi bem desenvolvido lá por casa. Muitas vezes da maneira mais difícil, mas é isso que nos faz crescer.

Não estamos sempre juntos e muitas vezes estamos juntos por pouco tempo ou menos vezes do que eu gostaria, mas sei que os valores que os meus pais me transmitiram estão sempre comigo, logo o papel deles na minha vida é perpetuado. Uma das palavras que me surge na cabeça sempre que peno nisto é resiliência. Enfrentar os problemas e voltar a erguer-se de todas as vezes que se cai. É simples de atingir, mas muito duro de realizar. É preciso não se deixar abater, nem deixar de acreditar. As outras são perseverança, honestidade e desprendimento. Não é preciso muito mais.

Eu acredito que a nossa vida é muito mais o que fazemos dela, e é muito mais do que a sorte. A mim parece-me que as circunstâncias de todos os dias se encarregam de nos mostrar que aquilo que nos tornamos é uma combinação feliz dos valores de que somos feitos e dos momentos que os pomos em prática.

Aquilo que somos também transforma a nossa existência e molda a nossa maneira de ver o mundo. No meu ponto de vista o difícil é equilibrarmos a nossa forma de viver com a das pessoas que estão à nossa volta. Se temos experiências de vida diferentes, objetivos variados, formas de pensar diametralmente opostas, há que ser compreensivo o suficiente para não se andar sempre à cabeçada. Sei que a maturidade passa por aí. Por compreender isso e desenvolver a capacidade de encaixe para lidar com as outras pessoas e todas as suas caraterísticas à nossa maneira.

Acho que a maturidade também passa por conseguir que as nossas experiências não nos toldem o raciocínio, nem nos transformem em pessoas com uma visão pequenina do mundo. É isso que acontece quando só o nosso ‘umbigo’ importa. E a Vida tem tanto mais para oferecer…

*Há dias em que me apetece tudo menos preocupar-me com pessoas que não merecem, porque são mesquinhas e tacanhas e têm uma visão das coisas completamente diferente da minha – e o pior é que nem sequer aceitam que podem estar erradas!. Normalmente não embirro com isso, mas no caso, mexe-me com os nervos…

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Semana 20 - Das decisões ou da falta de poder de escolha

girls in library
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A par do crescimento do desemprego, da agudização da crise em que o país mergulha, aumenta, a cada dia, o número de jovens que abandona o ensino superior por falta de dinheiro.
Já há quem nem chegue a candidatar-se. 

Parte dos que arriscam, está a deixar o ano lectivo a meio.
A reportagem é sobre o abandono escolar no Ensino Superior, coisa em que eu nunca tinha pensado a sério até ter ouvido a apresentação da reportagem como som de fundo na tv. Bem, eu sei que há imensas pessoas que desistem da faculdade por imensos motivos, mas realmente nunca tinha associado isso à crise. No entanto, como primeira análise, parece-me bastante redutor que na reportagem só tenham aparecido os casos dos alunos cujos pais deixaram de ter como pagar as despesas de um curso universitário. Há tantos outras situações que podiam ter sido referidas, mas como sempre, vamos falar da crise e como é um espinho na vida dos cidadãos.
Quem já passou pela vida universitária (e nem sequer estou a considerar estar-se deslocado noutra cidade!) tem a perfeita noção de que se gasta um balúrdio de dinheiro em fotocópias e livros e refeições e transporte, já para não falar das propinas. Sei que os valores chegam a ser assustadores (no ano em que entrei paguei 375€ anuais de propinas e 5 anos depois paguei 1000€!!!), e há bastantes pessoas que são trabalhadores-estudantes para conseguirem ter um pé de meia para os gastos, mas não houve nenhum caso assim retratado na reportagem. No meu caso, só trabalhei no último ano da faculdade e não foi propriamente para pagar as despesas universitárias, mas mesmo assim sempre ajudou a baixar o encargo dos meus pais porque passei a ter dinheiro para as minhas coisas. O meu marido começou a trabalhar em simultâneo com o 2º ano da faculdade e não está nada arrependido e também não foi porque os pais lhe tivessem pedido.
Admito que a minha primeira reação à reportagem foi de pena, ao ver nos olhares de alguns dos jovens entrevistados uma tristeza infinita por não ter possibilidade imediata de concretizarem o sonho de tirarem um curso superior. É verdade que ter um curso é importante, mas não me parece que deva ser o concretizar de um sonho. Deve ser, sim, um meio para atingirmos os nossos sonhos e nos realizarmos como profissionais talentosos e dedicados.
Quando a reportagem terminou senti que estes jovens que estão na universidade precisam mais de rumo do que de dinheiro. Se os pais não os podem ajudar, têm de ser eles a fazer pela vida, coisa que não me parece que muitos estejam habituados! Uma das entrevistadas dizia que lhe custa muito pensar em emigrar, mas a mim parece-me que, nas circunstâncias atuais, isso nem deveria ser um obstáculo. Em Portugal pensa-se sempre muito que os problemas que nos acontecem são catastróficos e vamos andando à volta do rabo, como os gatos, até estarmos ainda mais perdidos e desencorajados, em vez de se pensar que afinal as dificuldades atuais até podem ser um ponto de viragem. Não defendo que devamos todos abandonar o país, mas devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para melhorarmos a nossa própria vida!
Eu não sou a pessoa mais indicada para louvar as vantagens da universidade, porque para mim foi exatamente um meio para atingir a profissão que sempre quis ter, não foi uma época de festas e de diversão e de fazer amigos. Nunca fui de sair à noite, nem de grandes borgas, preferia estar na biblioteca do que no bar, tentava ter os trabalhos prontos a horas e esforçava-me por tirar notas razoáveis, tentava não me baldar. Portanto, como foram 6 anos de trabalho intenso não posso dizer que tenha sido a melhor época da minha vida. 
Foi bom? Sim. Cresci como pessoa? Sim. Melhorou a minha vida? Claro que sim. Deu-me a oportunidade de viver no estrangeiro e de moldar um dos meus sonhos, e só por isso já valeu a pena. Sei que seria uma pessoa diferente se não tivesse estudado ao nível superior, mas nunca é tarde para quem não tem possibilidade agora. Há cada vez mais possibilidades de se ingressar na faculdade sem ser no percurso ‘normal’ ao sair da escola. Não me parece o fim do mundo, mas não deixo de ficar pensativa sobre isto e sinto que é muito triste os pais não poderem ajudar os seus filhos…
No dia 23 foi Dia do Livro e ontem foi Dia da Liberdade, portanto só me ocorre dizer: 'Bolas para a crise que impede os nossos jovens de terem a liberdade de escolher se querem ou não traçar o seu futuro através de um curso superior!’

domingo, 8 de janeiro de 2012

Semana 19 – Balanços e recomeços

christmas tree
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      “Cheers to a new year and another chance for us to get it right.” Oprah Winfrey
Para o ano que terminou, eu tinha estabelecido algumas metas a cumprir e em maio deitei contas aos primeiros meses e foram mais que positivos. Dezembro chegou e partiu e eu não tive tempo para pensar no que consegui cumprir. Hoje ao desmontar a árvore de Natal estive a pensar em tudo o que me propus e fiquei muito contente porque o balanço não podia ser melhor.

Houve dois acontecimentos muito importantes no ano de 2011 que vão continuar a marcar a minha vida. Fui novamente viver durante uns meses para a Alemanha e soube que a minha irmã gémea vai ser mãe (está quase, quase e eu estou muito entusiasmada com a chegada do pequenito!)

Para além disso, no blogue atingi a marca dos 1000 posts e 81 seguidores. Tentei escrever alguma coisa todos os dias. Tarefa muito facilitada por ter mudado de país. Obviamente que com esta mudança consegui passear e viajar mais. Conheci novas pessoas e muitas coisas novas. Também teve aspetos menos bons, porque obviamente que não consegui passar tempo com a minha família porque não estive em Portugal. No regresso tentei recuperar o tempo perdido com toda a gente, incluindo com as minhas amigas, por isso o mês de agosto também foi um marco na minha vida, com todas  as coisas giras e divertidas que fiz e os sítios novos que conheci. Também consegui manter um ótimo volume de leitura e acrescentei bastantes livros à minha biblioteca de livros lidos, o que se encaixa perfeitamente na minha vontade de continuar a desenvolver o meu hobbie preferido ao longo do tempo.

Em termos profissionais, vou-me sentido muito satisfeita com o rumo que tenho traçado, principalmente porque as melhores coisas não têm sido planeadas, no entanto a tão desejada estabilidade está difícil de aparecer. Tenho trabalhado muito a organização nas várias vertentes da minha vida e sinto-me feliz com tudo o que já consegui melhorar. Sei que muitas vezes pareço um bocadinho ‘estranha’ aos olhos das outras pessoas com tanta organização, mas se consigo gerir a minha vida assim e me sinto produtiva, acho que já encontrei a fórmula certa. A organização também já chegou às limpezas cá de casa e sinto que temos conseguido manter tudo mais arrumado e mais limpo e nem tem sido preciso muito esforço. Só uma melhor gestão. Esta palavra parece-me estar na moda!

Quanto a saúde, contam-se umas constipaçõezitas e fiquei rouca algumas vezes mas nada de grave. Consegui fazer o check up tantas vezes adiado e confirmei que está tudo ok. Também participei numa colheita de sangue e só tenho pena que não tenha sido mais vezes.

No tópico poupanças não houve alterações, infelizmente, porque a palavra crise que soa a toda a hora na televisão e aparece em letras garrafais nos jornais e nas revistas também tem reflexos cá em casa. Trabalha-se a gestão das despesas e tenta-se cortar em tudo o que é supérfluo, mas não é possível poupar. Haja saúde e trabalho que tudo se compõe, como costumo dizer. Felizmente não falta cá em casa nenhuma dessas, por isso é continuar a batalhar.

Para 2012, que tudo se mantenha como estava no final de 2011 e já será um bom ano! Obviamente que havendo um novo ano a recomeçar há tantos tópicos a melhorar, se possível. É só querer!