segunda-feira, 6 de junho de 2011

Semana 9 - Abster-se não significa que irá melhorar!

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 Abstenção atinge valor recorde na história das legislativas no Público

Não era nada que já não se esperasse, mas ainda assim fiquei surpreendida pela negativa. O valor mais elevado de sempre?! Estando o país em crise profunda a vários níveis, com a troika BCE/Comissão Europeia/ FMI a governar resolver os problemas do país nos próximos anos e depois de tantas manifestações, protestos, críticas e descontentamento, acho que não se justifica isto!!

Eu não votei por razões logísticas. Cheguei cá à Alemanha em meados de Março e com tantas coisas para resolver nem me lembrei disso. Quando comecei a pensar que para votar me deveria recensear aqui, já não podia porque isso deveria ter sido feito até ao dia 6 de Abril. Desde que tenho cartão de eleitora só não votei uma vez e também porque estava aqui na Alemanha na altura.

Se estivesse em Portugal claro que teria ido votar, as usual na escola primária ao lado da minha casa e teria sido menos uma a contribuir para a abstenção. Que para não variar foi a vencedora destas eleições. Apesar de se saber que não há nunca nenhum candidato ideal - e no panorama atual ainda se torna mais difícil que isso aconteça - é sempre mais fácil assobiar para o lado e fingir que não é nada connosco, do que se tomar uma atitude. Mais que não seja para depois se poder reclamar com razão. Eu acho uma falta de respeito e de responsabilidade cívica para com o país (que no fim de contas é composto por todos nós) as pessoas só reclamarem e não fazerem nada para mudar isso. Tenho consciência que muito provavelmente o PSD iria ter mais votos, mas os partidos menos representativos também, o que ajudaria a equilibrar mais as contas.

Pelo menos há unanimidade numa coisa: a demissão do ex-primeiro-ministro da liderança do PS. Admito que noutras eleições votei nele, esperando que fizesse alguma coisa pelo país, visto que seria um rosto menos conhecido e menos permeável aos ‘amiguismos’. Afinal a personalidade e postura arrogantes, nunca admitindo erros e metendo os pés pelas mãos em várias circunstâncias não beneficiaram o país. Com certeza que houve coisas que devem ter sido bem feitas, mas muitas vezes as polémicas abafaram tudo isso.

Fico contente por saber que saiu do poder, mas como diz a Cocó também estou céptica quanto a este primeiro-ministro. No início da campanha parecia uma coisa, mas ao longo do tempo também tem dado calinadas e feito alguns erros. Estou expectante para ver como vai conseguir gerir o país nestas condições, e principalmente para ver se não vai cair nos mesmos erros do PS. E preocupa-me haver um primeiro-ministro e um presidente da República da mesma cor política.

Quanto à abstenção, acredito que com esta percentagem de não-votantes se deveria era começar a refletir sobre o ato de votar como obrigação. A meu ver, a solução, que já não é nova, passaria por instituir o voto obrigatório* e com multa caso não fosse cumprido. Se as pessoas não cumprem os seus direitos, pelos menos assim seria uma democracia mais justa, com mais participação política.

* A prática do voto obrigatório remonta à Grécia Antiga, quando o legislador ateniense Sólon fez aprovar uma lei específica obrigando os cidadãos a escolher um dos partidos, caso não quisessem perder seus direitos de cidadãos. by Wikipedia

2 comentários:

  1. Até há bem pouco tempo teria subscrito na totalidade o que tu escreves aqui. Também considero votar um dever cívico e também não costumo falhar. Desta vez, no entanto, fui excepção. Por questões práticas, porque não me encontrava em Portugal, mas se realmente o quisesse fazer poderia tê-lo feito na junta de freguesia na semana anterior.

    Condeno quem não vota porque não lhe apetece, porque não quer saber. Mas não condeno quem não vota em jeito de protesto, como quem faz greve. A situação do nosso país é muito grave e por muito que votemos em nome da mudança de rumo, o que tem acontecido sucessivamente é que se muda de cor, se vira mais à esquerda ou à direita, mas o caminho continua a ser o mesmo - descendente! Considero (espero) que o nível de abstenção desta seja sobretudo uma forma de protesto contra tudo isso. É fugir ao dever? Sim. Como em qualquer outra greve. Boicota-se o dever para que se revejam os direitos.

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  2. @ Anna: Acho que não ias conseguir votar, mesmo que quisesses porque me parece que os votos antecipados não abrangem motivos de lazer!
    Apesar de aceitar o que me dizes em relação à greve, admito que sou reticente em aceitar que o fato de fazer greve traga alguns benefícios. Há com certeza alturas que sim, mas na maioria das vezes que se tem feito greve em Portugal, não tenho percebido que a vida dos grevistas tenha tido assim tantas alterações para melhor.
    O mesmo se passa com os votos. Votar em branco nunca será solução. É uma manifestação da opinião, claro que sim, mas o peso da balança nunca será decidido pelos votos em branco, porque para os efeitos legais não contam como votos legítimos.
    Tenho seguido com alguma atenção o início do novo governo e digo-te que estou bastante impressionada. Só espero sinceramente que não seja muita parra e pouca uva!
    Beijos*

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