segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Semana 32 - Será que o dinheiro não traz felicidade?*

luis salário
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Uma pessoa acorda de manhã com o barulho das obras no prédio e ainda se sente cansada por causa da festa do dia anterior, mas pensa que o dia não há de piorar, porque afinal o tempo está bom e está um sol radioso. Pois, acabou de piorar… Acabei de perceber que o meu salário levou ainda mais um corte. Bem, eu já sabia que isso ia acontecer, mas normalmente sou como São Tomé, só acredito quando vejo, ou seja, quando o ordenado me entra na conta ou recebo a folha do vencimento. Tenho de começar a pensar que isto de dar aulas no estrangeiro é só para quem corre por gosto, já que não pode de maneira nenhuma ser por causa do salário…
Aqui na Suíça não há salário mínimo (aliás, os suíços recusaram ainda há poucos meses a instituição de um salário mínimo nacional), em vez disso há um salário médio para cada função e que pode variar de cantão para cantão tendo em conta os contratos coletivos de trabalho nas empresas. Esse salário continua a ser muito elevado tendo em conta os padrões de Portugal, mas não os da Suíça 'apenas 9% dos trabalhadores recebem abaixo dessa fasquia (4000 francos)', e embora 4000 francos sejam aproximadamente 3300 euros, a vida aqui é muito cara em termos de bens essenciais sejam eles compras de supermercado ou renda de casa. Aqui nos Alpes (região de turismo de neve por excelência), um estúdio pode custar 1000 francos, que é como quem diz quase 830 euros (!!!) e um apartamento de tipologia T2, com 2 quartos facilmente chega aos 2500 francos, portanto uma realidade completamente diferente de Portugal.
E se pensarmos que aqui não há serviços de saúde públicos como em Portugal, a relação entre o salário e as despesas que se tem ainda é pior. A Suíça não tem um regime de Segurança Social em que os trabalhadores descontam uma percentagem do seu salário para a saúde e para as contribuições com a 3ª idade e com a infância (entre outras coisas), por isso todos os trabalhadores na Suíça (sejam nacionais ou estrangeiros) têm de ter um seguro privado por sua conta. Eu não tenho esse seguro porque sou abrangida por um regime especial, tendo em conta que sou funcionária pública portuguesa (nunca esta designação me soou tão mal!!), por isso tenho um seguro base fruto de um protocolo entre os governos português e suíço que me equipara a um cidadão suíço mas que não me facilita muito as idas ao médico, porque até posso não pagar na altura as despesas, mas hão de me chegar a casa, como de resto aconteceu na semana passada (relativo às anginas que tive em agosto e foram o motivo de ter ido 3 vezes ao médico, muito bem tratada por sinal com um rigor e uma preocupação diferentes de Portugal) e apesar de estar à espera de um valor alto, não consegui evitar ficar chocada com o valor de mais de 300 francos para pagar!
Depois de todos estes factos, resta-me focar-me no óbvio, que será diminuir ainda mais os gastos (que já são só os indispensáveis) e tentar pensar noutras coisas que não no salário, mas é difícil ser uma professora motivada se se ganha cada vez menos….

*respondendo à pergunta do título, costumo dizer que até de graça trabalhava se não tivesse contas para pagar, por isso para mim o dinheiro é SÓ um meio de obter bens que necessito para viver não algo que tenha de ter em excesso!

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