domingo, 10 de abril de 2011

Semana 3 - Às vezes pergunto-me porque é me tornei professora...

appleTeacher
Quando decidi que queria ser professora devia ter por volta dos meus 10 anos. Tinha passado para o 2º ciclo, o que significou uma mudança enorme na minha maneira de ver o mundo até aí resumido a uma escola com uma única professora  e menos de 20 alunos. A nova escola era enorme e tinha tanta gente que eu me senti pequenina, pequenina.
Acordava cheia de vontade de ir para a escola porque sempre gostei muito de aprender e fazer os trabalhos de casa e as tarefas que os professores pediam nunca foram uma chatice nem um obstáculo. Era com gosto que estudava para os testes (por incrível que pareça), ao contrário do que aconteceu depois na faculdade. Ficava delirante quando tinha um Muito Bom ou um 5, se bem que havia aquelas disciplinas em que ficava muito contente com um 3, como era o caso de Educação Física e EVT (Educação Visual e Tecnológica).
O que sempre importou lá em casa foi o esforço e a dedicação a todas as disciplinas, mas principalmente as disciplinas de estudo. Se bem que os meus pais não tenham achado muita piada ao facto de eu ter tido um 2 no 2º e no 3º períodos no 8º ano a EVT. Com o tempo e com outras conquistas essa mancha no meu currículo académico foi deixando de ter importância, apesar de ainda hoje me sentir um bocadinho frustrada por causa disso, mas o que é que eu hei-de fazer? Eu e o desenho e os trabalhos manuais e afins nunca nos demos muito bem. E isso nota-se perfeitamente nos meus hobbies. Enquanto que há por aí muita moça prendada para o crochet, o ponto-cruz e as costuras em geral e outras tantas que gostam de pintar e desenhar para descontrair, eu continuo a gostar mais de ler.
Quanto às leituras, durante os anos da faculdade aconteceu-me uma coisa muito estranha, que foi ter perdido e muito a capacidade de concentração. Ainda não sei se foi das obras obrigatórias ou se foi da tonelada de fotocópias que tive de ler sobre variadíssimos assuntos. O que eu sei é que quando é para me dedicar a algum texto mais teórico sobre algum assunto relacionado com as aulas ou com a prática lectiva adio até não poder mais e quando finalmente tem de ser, é lido na diagonal para não ficar definitivamente desconcentrada e com a sensação de que estou a perder horas de vida. O mesmo se tem passado com a correcção dos testes, com a diferença de que aqui a atenção tem de estar sempre a 100%. Mesmo por isso é um sacrifício ainda maior.
E eu que enquanto aluna pensava que fazer e corrigir os testes era a parte mais gira? Redondamente enganada foi como me senti quando comecei a perceber todo o envolvimento necessário para a construção e correcção de um teste. Mas até me sentir assim, que se não me engano foi no último ano da faculdade, ainda tive de fazer muitos testes e muitas avaliações, e muitos comentários e muitos trabalhos de casa, que se tornaram gradualmente mais difíceis, mas que foram sendo sempre ultrapassados. Muitas vezes sentia-me frustrada por não ter conseguido a nota que queria, mas no secundário houve melhorias significativas, principalmente nas disciplinas que eu gostava mais.
As disciplinas em que sempre fui melhor foram sempre as línguas. O Inglês principalmente. E aqui voltamos aos 10 anos. Foi a idade com que comecei a ter Inglês e aí comecei a achar que o futuro iria passar por trabalhar com esta nova língua, já que gostava tanto e tinha sempre óptimas notas. O amor pela disciplina foi crescendo, também fruto dos óptimos professores que tive sempre e que me incutiam o gosto e a vontade de saber sempre mais.
Quando cheguei ao 10º ano, à área de Humanidades, já sabia há 5 anos o que queria fazer da minha vida. Queria ser professora! Assim, com esta imensa convicção que admirava toda a gente. Tinha a certeza que era uma profissão que ia adorar ter, porque sempre gostei de aprender e os meus colegas achavam que eu tinha jeito e paciência para ensinar e os professores que tive também me motivaram com a maneira com que davam as aulas. Pois bem, já que gostava tanto de Inglês isso ficou logo decidido, e entretanto comecei a estudar Alemão (porque não simpatizava assim tanto com o Francês) e ao contrário do anúncio da Coca-Cola, entranhou-se antes de ser estranho. Adorei a língua e todas as diferenças em relação ao português. Acho que também ajudou na altura também estudar Latim, porque as declinações eram assim um conceito um bocadinho estranho para nós portugueses.
E quando terminei o Secundário, os exames nacionais reiteraram qual seria o destino, já que as melhores notas foram mesmo às minhas disciplinas preferidas. E 9 anos depois do 12º ano, sinto-me cada vez melhor com a decisão que tomei há 16 anos, apesar das dúvidas que me assaltam com demasiada frequência, das inúmeras burocracias inerentes, das funções e do trabalho nem sempre reconhecidos, e presentemente, da distância a que me obriga este novo lugar.
Houve muitas coisas boas no caminho percorrido até aqui e mais haverá nos próximos anos. Assim o espero, já que é uma bênção fazer-se o que se gosta, apesar de todos os mas… 
 

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