terça-feira, 10 de maio de 2011

Semana 6 - To teach or not to teach...

teach
O senhor Galileu até pode ter muita razão, mas como é que nós vamos fazer ver à criançada que tem tanta coisa para descobrir por si própria, se os miúdos não conseguem estar 5 minutos calados? Estou em crer que estou a pagar penitência pelos inúmeros ralhetes dos professores durante os 12 anos de escolaridade ‘obrigatória’.

É que uma coisa é haver burburinho na sala, outra coisa bem diferente é não fazerem nada a não ser conversar. Eu sei que sempre fui faladora demais e que muitas vezes tinha de ser chamada a atenção, mas quando era para trabalhar, trabalhava e se era para estar calada também não havia problema. E o que mais me envergonhava era que os professores dissessem o meu nome na aula e a seguir um ‘Calada!’ bem alto. Ficava coradíssima e enquanto me lembrasse disso, não abria a boca! Ao contrário dos alunos de agora, que não se importam nada de ser chamados à atenção e ainda gozam a situação e aproveitam para se rir e conversar mais um bocado. Quando começam assim, só me apetece pregar-lhes um calduço para ver se aprendem a fechar a matraca!

À parte de ainda ser nova nisto de ser professora e ter de preparar aulas e organizar materiais e tal, o que me chateia mais é mesmo o comportamento dos miúdos. Se eu ainda ando a ‘apalpar terreno’ na organização das aulas, os miúdos estarem sempre a falar e com pouca atenção também não ajuda muito. Pois, é que ter de preparar as aulas e os materiais e as fichas e a sequência das actividades já não é nada fácil, tendo em conta que temos de tentar sempre motivar os alunos para que não dispersem a atenção e gostem do que estão a fazer, então fazer isso e gerir as atitudes e os comportamentos deles numa sala em que tenho 3 níveis diferentes é assim uma coisinha gira, gira! Ontem foi a primeira aula em que senti que tínhamos conseguido cumprir os objectivos, embora haja ‘criaturas’ que me continuem a irritar.

Sim, porque seria injusta se dissesse que não há alunos que gosto mais do que outros, mas para ser politicamente correcta nós dizemos que gostamos de todos por igual, embora haja alguns que nos dão ‘pica’, porque querem saber mais e fazer mais e aprender tudo o que há para aprender. - Eu acho que fui uma aluna assim –. E depois há os outros, os que vão às aulas porque são obrigados, mas que preferiam estar noutro sítio qualquer a fazer outra coisa. Os que têm como divertimento preferido nas aulas chatear os professores. Uma vez disse a um miúdo do 10º ano ‘Se não estás aqui a fazer nada e só estás a perturbar a aula, faz o favor de sair!’ e o miúdo saiu mesmo! Depois eu fiquei a sentir-me um bocadinho angustiada, porque tinha de justificar à Directora de Ano aquela falta, mas ela disse que eu fiz muito bem e realmente ele começou a portar-se melhor!

Acho que percebeu que tinha esticado a corda ao máximo e lhe tinha corrido mal. Mas o que fazer quando eu sou a única responsável pela gestão dos conflitos, ou melhor dizendo, sou a responsável para o bem e para o mal, pelas aulas, pela gestão dos horários e das turmas e de tudo o que acontece relativamente aos cursos? Há dias em que me sinto a navegar num barco à vela sem sair do mesmo sítio e sem qualquer ajuda possível. Bem, eu sei que tenho um coordenador, mas passam-se semanas sem falar com ele e já percebi que é suposto as coisas seguirem com normalidade e sem haver muita interação.

Nas escolas portuguesas, apesar de todas as queixas e problemas, quando há algum dúvida ou situação para resolver há sempre alguém a quem recorrer. Aqui resta-me organizar tudo o melhor possível para que não haja dias em que me apeteça pregar uma estalada em algum cachopo. Diz que é anti-pedagógico e que as crianças ficam traumatizadas! Eu até não sou apologista da violência, mas há vezes em que me parece que há 30 anos era melhor, porque os miúdos tinham mais respeito aos professores. Não sei se seria por causa das reguadas ou se a escola realmente teria maior importância na vida das famílias.

O que eu sei é que a minha mãe só fez a primária e foi a melhor aluna do 4º ano e o meu pai (apesar de ter chumbado no 8º ano) conseguiu completar o 11º ano e nenhum ficou traumatizado com reguadas ou castigos e souberam transmitir a importância dos estudos. Está a parecer-me é que tenho de ir saber como é que isso se faz, porque há dias em que me apetece tudo menos dar aulas a miúdos que não têm muita vontade de aprender!

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